O Citroën Aircross sempre teve seu público cativo, mas seu antigo câmbio automático de quatro marchas era uma pedra no sapato do modelo aventureiro. Agora, o Citroën ganhou uma caixa de seis marchas, que o ajudou a vencer o WR-V no comparativo entre as versões de topo dos dois carros.
Além das melhorias mecânicas, a tabela mais em conta do Aircross Shine 1.6, vendido por R$ 76.700, ante os R$ 83.400 do WR-V EXL, fez a balança pender para o modelo feito em Porto Real (RJ). O Citroën tem também custos menores de manutenção e seguro.
De resto, eles foram bem equivalentes em vários quesitos. O Aircross leva pequena vantagem no porta-malas. O compartimento leva 403 litros e pode ser expandido até 1.500 litros, enquanto o volume possível no WR-V vai de 363 litros a 1.045 litros. O Honda até traz um prático sistema de rebatimento dos bancos, que permite várias configurações internas, mas na hora de encher o carro, o modelo da Citroën vai melhor.
Os ocupantes também viajam com mais espaço no Citroën, embora os bancos do WR-V sejam mais confortáveis. As formas mais quadradonas do Aircross fazem dele a melhor escolha para quem costuma levar três pessoas no banco traseiro com frequência.
Ambos trazem de série itens básicos como direção assistida, trio elétrico e ar-condicionado. No entanto, só o sistema do Aircross é automático e digital, ante o simples do WR-V. A falta de controle de estabilidade é falha grave nos dois modelos. Porém, só o Honda tem importantes air bags laterais e de cortina e GPS na central multimídia.
Os sistemas de entretenimento dos dois carros são complicados de usar. O da Honda não tem botões físicos nem para ajustar o volume, que precisa ser feito por uma escala sensível ao toque, imprecisa e que dificulta o manuseio.
A central do Aircross tem processamento lento e não traz Android Auto. O espelhamento de celulares que usam esse sistema operacional é feito por meio do Mirror Screen. Durante a avaliação, porém, foi impossível fazer o pareamento. Já o CarPlay, compatível com telefones da Apple, funcionou bem.
Controversos. Por fora, os dois modelos têm visual discutível. Enquanto o Aircross de topo mantém o estepe pendurado na tampa, o WR-V, que é até bem resolvido de frente, aposta em lanternas em formato de bumerangue na traseira. Essa solução quebra a harmonia das linhas gerais.
Citroën ganhou personalidade com o novo câmbio
A mudança na transmissão do Aircross fez muito bem ao monovolume. O antigo câmbio sofria para levar às rodas a força do 1.6 (com potência de até 118 cv) e tirava muita agilidade do modelo. O consumo era bastante prejudicado. Agora, o comportamento do modelo melhorou bastante.
Com escalonamento correto, o Aircross acelera e retoma velocidade com menos esforço e mantém giros menores em velocidade de cruzeiro na estrada. Se antes o 1.6 parecia até fraco para o modelo, agora consegue mostrar valentia mais que suficiente para um carro com apelo familiar.
O comportamento melhorou mesmo com potência menor. Ante a versão do modelo vendida até então, o motor do Aircross tem 4 cv a menos. Além disso, a boa transmissão automática deixou o carro da Citroën mais gostoso de dirigir.
Já o WR-V é equipado com transmissão CVT, de relações infinitas. As respostas do Honda são boas e o desempenho do 1.5 de 116 cv não decepciona, mas motorista e câmbio acabam demorando mais para se entender. O CVT responde rápido e o WR-V deslancha fácil, mas às custas de rotações elevadas por períodos mais longos, o que diminui razoavelmente o prazer ao dirigir o modelo.
Ao menos, a suspensão do WR-V tem ótimo acerto e compensa a carroceria “altinha” do modelo, que até parece gostar de umas curvas.
A direção também tem respostas mais diretas e mais peso que a do Aircross. O sistema do Citroën poderia ter mais precisão, principalmente em alta velocidade.
Fonte: www.meucarronovo.com.br