Citroen C5: história do sedã e perua premium no Brasil
Desde muito cedo, as marcas francesas almejavam um posicionamento superior no mercado, devido a sua linha repleta de modelos mais refinados e com bastante tecnologia embarcada.
A Citroen, em especial, sempre ousou no refinamento, tecnologia e também no visual mais bem elaborado para atrair os consumidores com padrão de vida mais elevado. O Citroen C5 foi um dos modelos destinados a este público.
Antes do Citroen C5, a marca francesa ofereceu o Citroen Xantia. Este modelo foi apresentado em março de 1993 e chegou como resultado de uma parceria entre os centros de design da Citroen e o estúdio italiano Bertoni. De acordo com a marca, o carro foi baseado no “espectro completo de sua cultura tecnológica” da própria fabricante.
O Xantia tinha como destaque a suspensão Hydractive (hidroativa), que tinha esferas preenchidas por fluido e nitrogênio controladas eletronicamente, ao invés do sistema convencional com molas e amortecedores.
Este recurso era capaz de analisar a velocidade do carro, os deslocamentos longitudinal e lateral da carroceria e a forma de condução do motorista. Assim, ele adaptava o rodar do carro para o conforto ou desempenho, conforme as necessidades.
O sistema Hydractive de suspensão estreou no XM, outro carro projetado por Bertoni, que foi considerado o primeiro automóvel de produção a contar com um sistema de suspensão que combina o sistema hidráulico com a inteligência da eletrônica.
O próprio Citroen XM também foi vendido no Brasil, sob importação da França, e encantou os consumidores de alto poder executivo pela sofisticação, a citada suspensão hidropneumática e o câmbio automático de quatro marchas do modelo Exclusive.
Porém, os rivais de marchas como Audi, BMW, Mercedes-Benz, Jaguar e Lexus implicaram no insucesso do XM por aqui.
Vale lembrar que a Citroen já usava o sistema de suspensão hidropneumática desde a década de 1950 com o Traction Avant.
Sete anos depois, a Citroen apresentou o Citroen C5 como sucessor do Xantia e também do XM. Ele chegou originalmente na versão sedã durante o Salão do Automóvel de Paris, em setembro do ano 2000.
Lançamento do Citroen C5 no ano 2000
Por se tratar de uma marca europeia, a Citroen começou a vender a primeira geração do C5 no velho-continente.
Ele estreou por lá no mesmo ano de seu lançamento e com uma série de atributos para atrair os olhares de consumidores que estavam acostumados a comprar carros de marcas verdadeiramente premium, como Audi, BMW, Jaguar e Mercedes-Benz.
Assim como os outros carros da marca francesa na época, o então novo Citroen C5 chamava atenção logo de cara pelo visual. As linhas do veículo não eram nada ousadas. Muito pelo contrário.
Ele apelava para a “naturalidade” e trazia formas pelo menos agradáveis para conseguir se destacar em meio aos mais diversos sedãs médio/grandes mais caros oferecidos naquela época.
A dianteira do sedã francês se sobressaía pelo capô bastante longo e o formato para lá de pontiagudo. Os faróis contam com formato de gota e tomam uma direção para a parte superior do conjunto. Há também uma grade retangular um tanto quanto ovalada que destaca o duplo chevrón da Citroen e o friso cromado na parte central.
O capô tem formas mais limpas. Já o para-choque tem formas mais limpas, a não ser pelo duplo “borrachão” na cor da lataria para proteger a peça contra pequenos impactos.
Logo abaixo, a tomada de ar ladeada por outros dois nichos, afora o acabamento em preto fosco na parte inferior, completam o aparato.
Já nas laterais, chama a atenção um vinco que começa na região dos faróis e vai até as lanternas traseiras, cortando as maçanetas das portas.
O “borrachão” segue presente, agora na parte central das portas. O C5 de primeira geração tem também uma boa área envidraçada.
Partindo para a parte traseira da carroceria, o Citroen C5 tem um balanço traseiro bem mais curto que o dianteiro. As lanternas são verticais e “emolduram” a tampa do bagageiro.
Além disso, o terceiro volume praticamente se integra aos outros dois devido ao formato mais saliente do porta-malas. Este, inclusive, tem capacidade para 456 litros.
E por falar em dimensões, o sedã conta com 4,62 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 1,47 m de altura, com distância entre-eixos de 2,75 m. O tanque de combustível é amplo e comporta até 66 litros de gasolina.
O ambiente interno, como é de se esperar de um francês premium da época, conta com um bom acabamento e recursos interessantes para tornar a viagem aconchegante.
Há bons materiais por todos os lados. A versão Exclusive topo de linha do primeiro C5 saía de fábrica com detalhes de acabamento imitando madeira e iluminação esverdeada nos instrumentos.
O painel do C5 tem formas mais arredondadas e conta com um painel de instrumentos com uma espécie de “cobertura” que se conecta com o console central, que exibe os diversos comandos do sistema de som e do ar-condicionado.
O grande destaque do Citroen C5 de primeira geração, entretanto, era a suspensão hidropneumática, agora conhecida como Hydractive 3.
Ela traz a mesma ideia das gerações anteriores, mas agora conta com sensores eletrônicos que corrigem a altura do veículo (ao invés de recursos mecânicos) para mantê-lo nivelado ao solo.
Com isso, a suspensão consegue reduzir sua altura quando o carro está sendo conduzido em alta velocidade. Já em baixas velocidades e em estradas irregulares, o sistema reajusta a suspensão de forma automática e deixa o carro mais alto para garantir mais conforto.
A altura da carroceria pode ser reajustada em 1,3 centímetros para cima ou até 1,5 cm para baixo. Ela sobe ou desce automaticamente sempre que o carro ultrapassa a velocidade de 110 km/h ou retorna a 90 km/h.
Ainda assim, a suspensão Hydractive 3 conta com a opção de controle manual da altura em relação ao solo.
Outra função interessante da suspensão Hydractive 3 é que ela permite trocar o conjunto de roda e pneu, caso o pneu esteja furado, sem o auxílio de um macaco.
Além disso, o Citroen C5 consegue se “equilibrar” com apenas três pneus, caso um deles esteja furado, para conseguir chegar até uma borracharia para efetuar o reparo.
Além do sedã, o Citroen C5 foi comercializado também na carroceria perua. Conhecido como C5 Break, o modelo se diferenciava do sedã, obviamente, pelo porta-malas mais amplo e a carroceria com apenas dois volumes.
No visual, o Citroen C5 Break chamava a atenção pela área envidraçada ainda maior. Além disso, contava com um enorme par de lanternas traseiras ocupando quase toda a extensão vertical da traseira.
Nas medidas, a perua tem 4,75 metros de comprimento, 1,77 m de largura e 1,51 m de altura, om distância entre-eixos de 2,75 m. O porta-malas leva até 563 litros de bagagens, contra 456 litros do sedã.
Primeira geração do Citroen C5 no Brasil
Em meados de 2001, a Citroen começou a vender o C5 no mercado brasileiro. Ele chegou para ocupar o lugar dos já citados Citroen XM, que não vendeu bem devido aos preços elevados demais e também pela concorrência acirrada, e Citroen Xantia, que conseguiu registrar boas vendas por conta dos preços competitivos.
Importado diretamente da França, o Citroen C5 de primeira geração estreou por aqui em versões com motor 2.0 litros e 3.0 V6, ambos a gasolina. O preço inicial do modelo V6 era de cerca de R$ 78.270, podendo chegar a R$ 86.800 em sua configuração com todos os opcionais.
O C5 Exclusive 3.0 V6 saía equipado de fábrica com airbags frontais, laterais e de cortina, freios ABS, faróis de neblina, direção assistida, repetidores de seta nas laterais, sistema de som com CD player, vidros, travas e retrovisores elétricos, alarme antifurto, ar-condicionado automático, volante revestido em couro com ajuste de altura e profundidade, banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, encosto de cabeça e cinto de três pontos para os cinco ocupantes, suspensão Hydractive, entre outros.
Como opcional, podia ser equipado com rodas de alumínio com monitoramento de pressão dos pneus por R$ 860, bancos com revestimento em couro e ajustes elétricos por R$ 4.370, teto solar elétrico por R$ 2.360 e pacote inteligente (com retrovisores externos rebatíveis eletricamente, faróis com acendimento automático, sensor de chuva e sensor de estacionamento traseiro) por R$ 940.
Sob o capô, um motor 2.0 litros de quatro cilindros a gasolina, com injeção multiponto e duplo comando de válvulas no cabeçote.
Este propulsor entregava até 138 cavalos de potência, a 6.000 rpm, e 20 kgfm de torque, a 4.100 rpm. Junto a ele, um câmbio manual de cinco marchas. Posteriormente, ofereceu também a opção de transmissão automática de quatro velocidades.
Já a configuração mais cara trazia um 3.0 V6 (seis cilindros em “V”), com até 210 cavalos de potência, a 6.000 rpm, e 30 kgfm de torque, a 3.750 rpm. Ele era sempre combinado ao câmbio automático de quatro marchas.
O C5 V6 tinha bom desempenho: era capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 8,3 segundos e atingir velocidade máxima de 232 km/h.
O Citroen C5 Break (perua) seguia o mesmo padrão do C5 sedã, sobretudo a respeito dos equipamentos de série e opcionais. Todavia, contava somente com o motor 2.0 litros. Seu preço começava em R$ 65.250, mas podia chegar a R$ 72.820 com todos os opcionais.
Para a linha 2004, o Citroen C5 recebeu um facelift para ficar alinhado com o novo C4. Adotou faróis redesenhados, nova tomada de ar com o duplo Chevron da marca ladeado por dois filetes cromados, para-choques mais robustos, novas rodas de liga-leve e aprimoramentos no acabamento interno.
Segunda geração em 2008
Durante o Salão de Paris de 2007, a Citroen mostrou ao mundo a segunda geração do C5. E ele chegou ao mercado brasileiro um ano após ter sido revelado mundialmente.
No Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro de 2008, a marca francesa exibiu em seu estande o novo C5 nas carrocerias sedã e perua, agora batizada de C5 Tourer.
Todavia, ele demorou mais alguns meses para estrear nas concessionárias da Citroen no Brasil devido à alta e instabilidade do dólar.
Totalmente renovado, o novo C5 começou a ser vendido em junho de 2009. A marca cobrava R$ 103.500 pelo Citroen C5 sedã e R$ 112.500 pelo Citroen C5 Tourer. Ele chegou para competir com modelos como Ford Fusion, Honda Accord e Toyota Camry.
Em comparação com a geração anterior, o novo Citroen C5 ficou bem mais moderno. O visual foi totalmente renovado para entrar em sintonia com a nova leva de automóveis da marca francesa, em especial à família Citroen C4. A dianteira trazia faróis angulosos e para-choque marcante, enquanto a traseira ostentava um vidro ligeiramente côncavo e lanternas mais volumosas.
Fora isso, o C5 deixou de ser um fastback de cinco portas. A antiga geração tinha a tampa do porta-malas acoplada ao vidro traseiro, com abertura semelhante a de um hatch.
Nesta geração, ele ganhou uma tampa do compartimento com dobradiças do tipo “pescoço de ganso” com revestimento interno para não danificar as bagagens ao ser fechada.
O interior do Citroen C5 de segunda geração também tinha como destaque o bom acabamento. O francês premium ficou também mais moderno, com direito ao volante com cubo central fixo e detalhes em aço escovado, painel de instrumentos com mostradores analógicos e display digital no centro do painel.
Ainda em comparação com o antigo C5, o novo sedã ficou maior. Ele passou a ostentar 4,78 m de comprimento, 1,86 m de largura, 1,45 m de altura e 2,81 m de entre-eixos. Porém, o porta-malas passou para 439 litros, ou 17 l a menos que o antigo. A suspensão Hydractive 3 hidráulica e eletrônica foi mantida.
A lista de equipamentos é farta. Tanto o C5 sedã como o C5 Tourer contam com recursos como nove airbags (dois frontais, dois laterais dianteiros, dois laterais traseiros, dois do tipo cortina e um para os joelhos do motorista), freios ABS com EBD, freio de estacionamento elétrico com Auto Hold e faróis bi xênon direcionais com luz de auxilio em curvas.
Há também sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, rodas de liga-leve de 18 polegadas com pneus 245/45, ar-condicionado digital, direção elétrica, acabamento interno em couro, suspensão Hydractive 3, bancos dianteiros com ajustes elétricos, sistema de som com MP3 player e conexão Bluetooth, entre outros.
O único opcional era o teto solar, ofertado por R$ 4 mil.
O principal pecado da segunda geração do Citroen C5, porém, é o motor 2.0 litros ofertado como a única opção de motorização na gama do modelo francês. Na época, a marca optou por deixar de fora a versão V6 devido ao percentual de IPI mais elevado para carros com motores de maior litragem.
Neste caso, há o 2.0 litros 16V a gasolina, com comandos de válvulas variável, de 143 cv, a 6.000 rpm, e 20,4 kgfm, a 4.000 rpm, associado ao câmbio automático de quatro marchas. O modelo sedã conseguia acelerar de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos e atingir velocidade máxima de 205 km/h.
O Citroen C5 durou no mercado brasileiro até meados do fim de 2012. Ele deixou de ser importado devido às baixas vendas: de janeiro a dezembro de 2012, o francês vendeu somente 206 unidades, contra 4 mil exemplares do Hyundai Azera e 1,5 mil carros do VW Passat.
Deixou o posto de Citroen mais caro do Brasil para o então novato Citroen DS5, que em seu primeiro mês cheio de vendas registrou 124 carros vendidos.
Citroen C5 ainda à venda na China
Vale lembrar que a segunda geração do Citroen C5 ainda é vendida pela Dongfeng Citroen no mercado chinês. O modelo é oferecido com um visual bem mais moderno, bem como um interior com painel totalmente redesenhado para não se destoar frente aos carros mais recentes da Citroen na China.
Além disso, o Citroen C5 chinês tem uma série de novos recursos, como painel de instrumentos digital e central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay.
O motor é um 1.6 litro turbo de 170 cv ou 1.8 litro turbo de 200 cv, ambos com câmbio automático Tiptronic de seis marchas.
O preço inicial do C5 chinês é de 169,9 mil yuans.
Fonte: Notícias Automotivas